tag:blogger.com,1999:blog-49509182097658923852024-03-12T16:38:30.863-07:00"Eu cultivo sonhos..."Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comBlogger132125tag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-43519582887252872372009-04-15T11:51:00.000-07:002009-05-15T17:30:58.739-07:00Eu suplico um milagreAmanheci triste.Fiquei pensando, por exemplo,na tristeza de não ser ninguém.De nascer num barraco,de não ter pão, leite, brinquedos.Quero dizer, vocês me entendem?Não nasci num barraco,nunca faltou pãoà nossa mesa ...Por que, afinal,estou triste ?É que acontece cada coisa,que a gentenão sabe explicar.É o caso do filhoda Maria não sei de quê,pois nem toda Maria tem sobrenome,muito menos o filho Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-53023581435922191662009-04-15T11:28:00.000-07:002009-05-15T11:50:31.357-07:00Quadras...A vida tem dimensõesde tal ordem, tal grandeza,que o mundo das ilusõesduvida, não tem certeza.Bendito quem sabe darum copo dágua, uma prece,a quem pede pelo olhare pelo olhar agradece.Os balões semeiam fogo,os fogos semeiam morte:ninguém deve pôr em jogoa vida, a saude, a sorte.A face oculta da gentedisfarça tanto, mas tanto,que a gente pode sorrire, por dentro, estar chorando.Se todos querem terGesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-67851033470150429592009-04-15T11:21:00.000-07:002009-05-15T11:27:12.311-07:00DelírioO tempo esta prenhede angústia.A terra estremecee se contorce de dor.Há lágrimas deslisandopela face nua das nuvens.A multidãoé um amontoado inexpressivode folhas secas agitadas pelo vento.Uma sementecaiu na palma da minha mão.Grito para a platéiade folhas mortas:é uma árvore!Não tem folhas,nem frutos,nem sombrasmas é uma arvore!Examino-a.O futuro estána palma da minha mão.Esta sementeé 0 pão,a Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-15669553543445819772009-04-14T20:26:00.000-07:002009-06-02T18:40:04.147-07:00Soneto I - Tempo de CalarNão me venhas falar de coisas mortas,ou de sonhos que não se realizaram;de cartas empilhadas, na gaveta,de juras só juradas, não cumpridas.Não me venhas falar de solidão,de ausências, de saudades ou tristezas,de noites sem luar e sem canção,de rosas que murcharam nas roseiras.Não me venhas falar de tuas rezas,de terras semeadas, sem colheitas,ou de viagens nunca planejadas.Vivencia teu último Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-6940681149061696612009-04-14T20:21:00.000-07:002009-06-02T18:41:32.831-07:00Soneto II - Venerável SilêncioE retorna às origens, em silêncio,consciente de tudo o que te envolve;esquece o teu relógio sobre o móvele o giro dos ponteiros sobre as horas.Não forjarás sorrisos de vitórianem fingirás gemidos de derrotas;prolonga teus momentos de armistíciocomo um soldado em tática de guerra.Sem movimentos de agressividadee gestos vagos de provocação,revive a tua paz, mas em vigília.Apenas fica atento e bem Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-37141361950941493942009-04-14T20:18:00.000-07:002009-06-02T18:42:30.953-07:00Soneto III - Artífice do VersoVolte às origens, plena do infinito,quem fez do tempo a réplica de um sonho;quem velejou na música do ventoe adormeceu na ponta de uma estrela.Artífice do verso sem reverso,da palavra que lavra na memória;até as pedras poderão contara tua própria história biográfica.Teus sonhos não sonhaste numa noite;nem numa noite afugentaste os sonhosque foram tuas noites de clausura.Sem lágrimas, sem choro, Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-89734764238660404292009-04-14T20:13:00.000-07:002009-06-02T18:43:39.970-07:00Soneto IV - É tempo de ancorarE retorna às origens, em silêncio,homem do mar, ó navegante audaz!No fundo do teu mar, no coraçãodesce a âncora de prata do teu verso.Navegaste por mares encantadose armaste em cada porto a tua tenda;em cada porto desenhaste um mapa,em cada mapa desenhaste um porto.Que segredos trouxeste do teu mar,da tua formidável reclusão,até que nos saudaste com teu choro?Homem! capitanea tuas rimas;é tempo Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-32258640246025487902009-04-14T20:07:00.000-07:002009-06-02T18:44:59.709-07:00Soneto V - Passaporte UniversalE voltar às origens, em silêncio,sem pressa, sem resmungos e sem ânsia,repousa no universo das lembrançascom uma rosa de saron no peito.Andarilho do espaço sideral,coberto de poeira das estrelas;a rosa de saron do teu Planetaé mais que um Passaporte Universal.Há música de pássaros alados,que implode em profusão de claridade,na textura sutil de cada pétala.Assim és tu, ó homem planetário:Teu corpoGesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-79389792279888509582009-04-14T19:47:00.000-07:002009-06-02T18:47:24.773-07:00Soneto VI - Esquece os cães vadiosImortal é essa chama que te animae que te põe no centro do universo,és finito e infinito ao mesmo tempo,- Grão de areia na praia dos conflitos.Luz e sombra na sombra do crepúsculo;o homem é uma pergunta sem resposta,enquanto não descobre a sua origeme não perquire a causa do silêncio.Não contes nem relembres teus naufrágios,nem teu barco sem remos e sem velas;nem teus martirizados Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-42189310573515772272009-04-14T19:30:00.000-07:002009-06-02T18:48:21.353-07:00Soneto VII - Atávico ConflitoImortal é essa chama que te anima,que te incendeia sem te consumir!Quem pode decifrar esse mistérioe o atávico conflito do teu ser?A argila toma forma e se organiza,dinamiza-se o fôlego da vida,o mortal se reveste de imortal,até que o pó se canse de ser pó.Enquanto a chama da imortalidademantém coesa a estrutura do teu corpo,projetas tua sombra sobre a terra.E a terra de repente não tem giro,nem Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-47117856003421389782009-04-14T19:22:00.000-07:002009-06-02T18:50:15.567-07:00Soneto VIII - Mística JornadaImortal é essa chama que te anima,no curso e no decurso imprevisívelde toda a tua mística jornada,nos espaços de tua intimidade.Nas sombras sonolentas de teus olhos,vislumbram-se miragens sensuaisde terras nuas que tu fecundaste,ignorando glebas e colheitas.Tua prole, gerada no inconsciente,é sonda espacial que se projetana incógnita ciranda do futuro.Se o tempo te confina em seus limites,dentro Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-59767090538029213112009-04-14T19:12:00.000-07:002009-06-02T18:51:24.146-07:00Soneto IX - Ouve o teu profeta"Não apaga a torcida que fumega,"nem sufoca a esperança adormecida,é a promessa de quem soprou em tio criativo espírito de vida.Podes tanger teus sonhos marginais,também domar os ventos navegantes,acalentar visões indescritíveisde festivais de flores dançarinas.No espaço do teu tempo relativodecifra teus mistérios insolentese põe marcos de paz em teus atalhos.Ouve o que diz a voz do teu Profeta:"Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-7088653966873497212009-04-14T19:09:00.000-07:002009-06-02T18:52:24.728-07:00Soneto X - Pai e Soberano"Não apaga a torcida que fumega,"Quem acompanha o vôo inteligentedo pássaro que cruza ignotos mares,na ansiosa busca de seu novo ninho.Quem alimenta as aves que não plantame põe nos lírios alvas vestimentas,Quem nunca abandonou nem desistiude amar e acreditar no ser humano.Há sempre uma esperança renovada,um anseio, um chamado persistenteendereçado à mente e ao coração.É Pai e Soberano, mas Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-39012372569824442232009-04-14T19:03:00.000-07:002009-06-02T18:53:13.660-07:00Soneto XI - Tempo Presente .hmmessage P { margin:0px; padding:0px } body.hmmessage { font-size: 10pt; font-family:Verdana } "Não apaga a torcida que fumega"no coração de cada ser humano;um leve sopro num instante breveespalha cinzas, ressuscita a chama.Não há deserto que não fique fértile nem caverna mal iluminada;o tempo é conjugado no presentee o dia que se vive é sempre "hoje".Teus olhos sonhadores tem visões,tem Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-28488206942659098312009-04-14T13:04:00.000-07:002009-06-02T18:54:22.984-07:00Soneto XII - Fecha o teu livro"Não apaga a torcida que fumega",mesmo que seja incomodativoe lacrimeje os olhos. Todavia,não cessa a expectativa do retorno.Na sua longa ou curta caminhada,o ser humano nunca está sozinho;as vezes ele fala no silêncioe no silêncio nâo se contradiz.O sol que se levanta no nascente,tem no poente uma casa provisória:põe luz e sombra sobre toda a terra.Homem da Terra - símile do diae símile da noiteGesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-36389004099075285122009-04-14T12:58:00.000-07:002009-06-02T18:55:24.864-07:00Soneto XIII - O Caminho das RespostasFecha o teu livro. Encerra o teu discurso,que o tempo do teu tempo não tem volta.Lá fora a noite calma e luminosaconvida-te a subir na carruagem.A terra vai ficando tão distante,envolta em seus contornos de mistérios;és passageiro do desconhecido,absorto na paisagem das estrelas.O teu adeus ficou nos coraçõesque vão também seguir na tua trilha,em busca de um pouso no infinito.Conheceste o PlanetaGesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-51607512044487462042009-04-14T12:54:00.000-07:002009-06-02T18:56:33.586-07:00Soneto XIV- Teu mar de pérolasSoneto XIVAdentraste o Caminho das Respostas,consciente de que é longo e não tem fim;assemelha-se a linha do horizonte:quanto mais perto mais de ti se afasta.Mas sejas paciente e persistenteao lançar, cada dia. tua redeno relicário do teu mar de pérolas,- oceano do teu próprio inconsciente.Gerada em teu recesso, cada pérola- grão de areia na praia dos conflitos -tem beleza e riqueza Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-88818951885955204162009-04-14T12:48:00.000-07:002009-06-02T19:02:46.180-07:00Soneto XV - SínteseSoneto XVPara um pouco no tempo e na memória,consciente de tudo o que te envolve;teus sonhos não sonhaste numa noite,homem do mar, ó navegante audaz!Repousa no universo das lembranças.Esquece a noite. Esquece os cães vadios.Quem pode decifrar esse mistériona incógnita ciranda do futuro?No espaço do teu tempo relativo,há sempre uma esperança renovada,e o dia que se vive é sempre "hoje".Fecha o teuGesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-47233639653933030122009-04-14T12:33:00.000-07:002009-05-14T12:42:12.639-07:00Chão ÁridoVenho de um tempoque não se conta.Escondi meu castelona areia do deserto.Não pergunte meu nome.Não queira decifrarminha identidadecromossomática.Não vasculheminha herança atávica.Tenho no meu corpo:a aspereza da argila,o orvalho das madrugadassilenciosas e frias.Perturba-me o lamento do ventoesculpindo vultosnas cavernas de ninguém...Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-14302114090794018982009-04-14T12:25:00.000-07:002009-06-15T16:06:21.238-07:00AbordagemA criançaestá na ruaporque não tem casa.Tem casamas não tem mãe.Tem mãemas não tem paiA criançaestá sozinha na gíria.A criançaestá na ruaporque a ruanão tem dono.E a criançaque está na rua,tem nomemas não sabe de quem é.A escolada criançaé a rua dos seus ofícios.Fala-se no socialetcetera e tal,mas a criançaquer espaçopara ninar seus sonhos.Pode-se falarde céu azule de casacor-de-rosa,mas a Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-5913456564341915162009-04-14T10:23:00.000-07:002009-05-14T10:34:45.988-07:00A Noite do DesesperoNão estoucansado da vida,nem do amorsem fadiga,nem do ventoque fustiga.Não estoucansado da esperaque protela,nem de pisaras areiasmovediças deste mar,que bebe o rio,que deixa o vento brincarcom a espumados seus queixumes.Não estoucansado de procuraraquela estrela sem brilho,nem de guardara semente fabricada.O que cansameus olhos,minha mente,meus ouvidos,minha pele enrugada,é este buraco de Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-68759003680248375672009-04-14T10:17:00.000-07:002009-05-14T10:23:07.821-07:00SerSercomo a brisaque não tem pressade passar e de chegar.Sercomo a brisaque não levanta o pódo chãoe não turvaas águas do regato.Sercomo a brisaque mexecom as folhas,mas não desmantelaas llores.Sercomo a brisaque passae nao incomoda,que chegamas não assusta.Sercomo a brisa...Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-16814744312293909362009-04-14T10:05:00.000-07:002009-05-14T10:17:07.116-07:00VitóriaFoi decretadoum Diade Gloria Universal.Os ponteirosde todos os relógiosdetiveram sua marcha.Homense mulheres,solenemente reunidos,pensaram e repensaram:- Nao vale a pena guerrear!- Vamos plantar,colhere repartir.- Apaguem-sedos dicionáriosas palavras daninhase tudo quanto possapoluira mente do homem,da mulhere da criança.- Ninguémprecisaráse defender,nem se esconder,mascarando o corpoe Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-37159171096191082009-04-14T09:30:00.000-07:002009-05-14T09:39:19.304-07:00EleElecarregou a cruzda zombaria.Eleencostouos lábiosna esponja de fel.Mas não se queixou.Elefraquejousob o pesodo madeiro.Eleficou sozinho.Foi ferido,escarnecidoe, no rosto cuspido.Mas não se queixou.Eleaceitou:a coroa,os espinhos,os apupos.E não se queixou.No meiode tanto sofrer,Eleainda soube dizera palavra boaque perdoa:"Pai,essa gentenão sabe o que faz."Ele intensamente amou,mesmo sabendoquem Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4950918209765892385.post-86167324730021491632009-04-14T08:22:00.000-07:002009-05-14T09:30:40.238-07:00IncógnitaNinguem é dono de si mesmo!A nuvem é tocada pelo vento,pelo vento, a flor é desfolhada.O rioameaça saltar do leito.Chove,mas a chuva não perguntade quem é a lavoura,a horta,o telhado.A terra tremeu.Teria sido de medoou de comoção?Onde estarão as crianças?E os velhos?E os paralíticos?E os cegos?E os retardados?O vento amainou,a chuva cessou,o rio amansou,o sol brilhou.O calor do solferveu a Gesse Cardosohttp://www.blogger.com/profile/18225210751016494111noreply@blogger.com