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- Procuro a felicidade!
O menino da favela,
olhos cheios de névoas,
perguntou:
Quem é ela?
Bati à porta
do menino rico.
Entrei.
Vi-o rodeado de brinquedos.
E de carinho.
- Procuro a felicidade!
E ele, expressão vaga,
olhos vagos
perdidos nos afagos:
Não sei quem é!
E eu não pude
esconder
a tristeza que apagou
por instantes
o brilho triste dos meus olhos tristes.
Senti, então,
que minhas mãos
podiam se estender
para socorrer;
que minha voz
podia consolar;
que meus pés
podiam me levar
pelos caminhos da vida,
pelos atalhos do mundo.
E foi assim,
somente assim,
"fazendo" ao invés
de "procurar",
e sem tempo para reclamar
do tempo,
que encontrei, dentro de mim,
a felicidade.