•10:16


Conto os repiques de um relógio antigo,
preso à parede qual um condenado:
tem um passado ausente, adormecido,
na memória da casa e das pessoas.

O coração já foi inspecionado
e a caixa, posto a salvo dos carunchos.
É uma relíquia sem genealogia
e sem perspectiva de futuro.

Esse relógio vai parar, um dia,
a máquina emperrada, e o mostrador
inútil, sob a inércia dos ponteiros.

Velho relógio velho, és nosso igual,
no ritmo da vida e do trabalho:
competitivo até no tique-taque.
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