•14:30
"Voce terá de ter, principalmente,
no coração um grande amor pelo menino
do berço pequenino," Rev. Nelson de Godoy Costa


Era véspera de Natal.
Joãozinho,
O menino ninguém,
escreveu alguma coisa
num pedaço de papel.

Joãozinho
pela primeira vez
Pensou em Papai do Céu.

Pensou
e fez um pedido.

Que teria pedido
o menino ninguém?

Teria pedido
quem sabe,
uma bola...

Um pião...
Ou uma pasta pequena
para guardar os livros da escola...

Não!...
Joãozinho pediu,
simplesmente,
que Papai do Céu curasse
seu pai que estava doente.

Doente? Sim!...
E de uma doença terrível!!
- A bebedeira,
que debilita o corpo,
entorpece a alma,
e mata aos poucos.

O pai de Joãozinho
não saía da taverna;
bebia o dia todo,
não queria trabalhar.

Joãozinho passava fome!...
Estava muito magrinho!...
Sua pobre mãe, coitada!
lavava roupa pra fora
e ainda tinha que aturar
o marido que chegava
sempre embriagado.

Nessa noite,
- véspera de Natal -
bastante embriagado,
o pai de Joãozinho procurou a casa mais cedo.
Jogou-se no chão,
no chão de barro batido,
umedecido,
insensível ao pranto da esposa
e às lágrimas do filho
que suplicava,
insistente:

- Pai, levanta!
- Paizinho, levanta!...

Afinal,
Jesus também foi pobre;
nasceu
numa humilde estrebaria.
José - seu pai -,
era um pobre carpinteiro
e pobre, também,
era a mãe de Jesus,
a virgem Maria.

Joãozinho pensava:
- Será que ele vem?
Baixinho pedia:
- Papai do Céu,
- velhinho bondoso,
- de barbas branquinhas,
- não te esqueças de mim...

E terminava assim
a sua oração:

- Atende o pedido
- de Joãozinho ninguém.

Altas horas da noite,
o pai de Joãozinho
sentado no chão,
à luz quase mortiça
de um velho lampião,
procurava soletrar
aquela carta de amor
que seu filhinho escrevera.

Em torno,
silêncio. .
Silêncio pesado,
silêncio de chumbo...

"Papai do Céu,
você que gosta tanto dos meninos,
você que é bom,
você vai me atender neste Natal. . .
Você sabe o que eu mais desejo?
Se não sabe, vou dizer:
Eu quero que papai
deixe de beber,
que seja bom pra minha mãe..."

O velho pai não pôde prosseguir.
Soluçando,
beijou a fronte do filho.

Joãozinho despertou;
parecia atordoado!
O seu pai, ali estava
ajoelhado,
ao seu lado,
balbuciando:

- Meu filho, obrigado!...
- Obrigado, meu filho! ...

O milagre aconteceu:
O pai de Joãozinho,
o menino ninguém,
se levantou transformado
e nunca mais bebeu.
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