•19:10
Ruiram as colunas
e as paredes
do castelo que meus ancestrais
me deixaram.

Construção suntuosa,
nunca foi morada
de morcegos,
nem pardais
teceram ninhos nos beirais.

O velho piano
que animava os saraus,
talvez tenha ficado soterrado
na sala dos recitativos.

Desapareceram:
quadros antigamente venerados
e uma espada
que nunca fora usada

Houve pilhagem
de objetos esquecidos
e cobertos de poeira.

O vento levou,
para locais ignorados,
velhos papéis que o tempo amarelou.

Dos salvados do meu castelo
guardo reminiscências
escritas em pedaços
atávicos de memória,
e esse desejo inconsciente
de escrever meus versos.

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