•19:52
Trouxeram-me um canário

numa gaiola de bambu.

E o canário cantava..

Talvez agradecesse o alpiste

e, na vasilha de barro,

a água fresca.

Mais tarde,

dei-lhe uma gaiola maior,

habilmente construída.

Tinha um estojo de madeira,

um copo de vidro...

O fundo era removível.

Eu ficara orgulhoso

da gaiola e esperara

ansioso, pela manifestação

ruidosa do pássaro

ao desferir seu canto prolongado

na matina.

Mas nada aconteceu de especial.

O mesmo canto,

a mesma saudação melodiosa

saída, tantas vezes,

da humílhima gaiola de bambu.

Passaro filósofo,

quero aprender com você

esse estilo de vida

e essa maneira de comportamento.

Que importa se a gaiola

é de ouro ou de zinco?

O importante é cantar,

e saudar a vida,

é ter a alma no peito

e a musica na alma.

Pássaro filosofo,

você é maior que o meu egoismo.

Você me ensinou

que a vida

é essa alegria interior

e que essa beleza interior

é a gente que faz,

sorrindo para a vida

e para o mundo.

Pássaro filósofo,

você me ensinou

a viver

na minha gaiola de zinco...



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