•15:14



Escorre água dos meus olhos.
Água salgada
salgando-me as retinas,
sem reticências...

Água que o tempo
acumulou na esponja das mágoas
e que as magoas choraram.

Lágrimas dos meus olhos
lacrimosos, lânguidos.

Lágrimas tangidas
pela dor,
pelo amor,
pela incerteza
do amanha.
Lágrimas de muitas luas,
de noites sem madrugadas
de madrugadas ignoradas,
ignotas, anônimas.
Lágrimas com gosto
de mar,
de espuma,
de onda,
de amar.

Lágrimas que descem
unidas, ou separadas,
em torrentes,
ou gota-a-gota
pelos olhos,
pela face,
ou que deslisam
pelo chão
do coração.

Lágrimas
com fome de lodo,
explosão
de emoção,
de saudade,
de solidão.
Lágrimas
que molharam
e mancharam
as folhas vivas
da minha vida.
Lágrimas
síntese do sofrimento
ou êxtase da alma?
Hás de acompanhar-me
vida afora,
até que Deus se lembre
que ele mesmo, um dia
chorou com os olhos
da virgem Maria,
e enxugue
as lágrimas dos filhos
que fizeram da Terra o seu cárcere!



(Dica: Pare o som do blog para ouvir o som da poesia em vídeo)
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