•08:33
Minha casa era pequena
e tinha muito de comum
com a casa dos homens.

Lá fora, o barulho
das invencões
e das convenções humanas.
No interior, música
e acordes de esperança.

As janelas da minha casa
se abriam para o amor;
as portas tinham a cor do céu
e as paredes, a cor da paz.

O telhado era fabricado
com a matéria dos sonhos;
as luminárias, estrelas
que se fizeram pequenas,
tão pequenas quanto humildes,
para iluminar o teto dos sonhos
e as paredes da paz.

O chão da minha casa...
O chao era de Deus.

Havia marcas indeléveis
dos pés do Eterno
emoldurando o chão da minha casa.

Eu mesmo para entrar
na intimidade da minha casa,
tirava os sapatos,
sacudia a poeira dos pés
e punha os meus pes por cima
das marcas dos pés de Deus.

Tristeza?
Angústia?
Solidão?
Eram sombras que não se recolhiam
nos beirais da minha casa.

Entretanto,
um dia, eu me encontrei
chorando, do lado de fora
da minha casa pequena.
Eu havia perdido
a visão dos pés de Deus
e não podia tocar
as paredes da paz
porque não tinha braços.

Os pesadelos apagaram
as luminárias que pendiam
do teto e das paredes
da minha casa...

Súbito,
acordei nos braços
de minha mãe.
Meu pai, muito pálido, sorria.
Eu chorava...
Chorava a casa perdida
que eu precisava encontrar.


(Dica: Pare o som do blog para ouvir o som da poesia em vídeo)
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